quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Garibaldi: “Não sinto desconforto de apoiar a chapa Fernando e Wilma”

Fonte do Jornal de Hoje.

Ministro da Previdência afirma que a chapa majoritária poderá mesmo ser feita entre PMDB e PSB

Alex Viana
Repórter de Política
O ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB), confirmou a possibilidade de o ex-senador Fernando Bezerra (PMDB) disputar o cargo de governador do Estado nas eleições deste ano. Em entrevista ao “Jornal das Seis”, o ministro defendeu o nome do empresário como “o nome mais preparado” para enfrentar as dificuldades do estado na atualidade. O fato de Garibaldi ter votado tanto contra Wilma de Faria (PSB) quanto contra Fernando Bezerra, em eleições recentes, não embaraça o ministro. O senhor não se sente desconfortável de apoiar uma chapa como essa? Como é que o senhor vai chegar para o eleitor? “Não, eu não me sinto desconfortável, não. Primeiro, porque não apoiei nenhuma chapa. A chapa ainda está em formação”, afirmou. Confira a entrevista.
Ministro Garibaldi Filho foi entrevistado pelos jornalistas Marcos Aurélio de Sá,  Tulio Lemos e Enio Sinedino, na rádio 96 FM. Foto: Cedida
Ministro Garibaldi Filho foi entrevistado pelos jornalistas Marcos Aurélio de Sá,
Tulio Lemos e Enio Sinedino, na rádio 96 FM. Foto: Cedida
Jornal de Hoje – Que o senhor pensa do quadro político, com o PMDB querendo lançar uma chapa tão ampla com todos esses partidos políticos?
Garibaldi Filho – Olhe, eu diria a você, é estranho que se possa questionar o fato de querer se construir uma aliança mais ampla possível. Porque ninguém ganha eleição sozinho, o partido não pode ter pretensão de ganhar uma eleição só com os seus quadros partidários. Tirando uma chapa chamada puro sangue, não há isso. O que é que se todos pudessem estariam fazendo, ou todos podem fazer, eu diria melhor, não vou aqui inviabilizar a possibilidade de ninguém, de nenhum partido, de querer fazer o que o PMDB está fazendo. Eu apenas defendo agora aqui e defenderei em qualquer outra oportunidade a legitimidade de se fazer isso. Porque o que eu acho estranho é o questionamento da legitimidade disso.
JH – Mas não está se questionando a legitimidade, está se questionando a quantidade de partidos, ou pelo menos os representantes desses partidos. O senhor foi às ruas pedir votos para a governadora para tirar Wilma do governo, o PSB do governo. Aí Wilma está nesse grupo que é para resgatar o Estado. Zé Agripino, que é o DEM, mesmo partido de Rosalba, também está nesse grupo. Como é que esse povo vai resgatar um estado que eles mesmos conseguiram deixar desse jeito?
GF – Olhe, primeiro, a gente tem que pensar o seguinte: nós estamos a essa altura, e ele (Fernando Bezerra) deu essa entrevista que eu estou aqui com uma inveja danada (risos – por causa do tamanho do espaço), nós estamos convidando, sondando, querendo que o ex-senador Fernando Bezerra seja o candidato do PMDB. Nós achamos que ele é o melhor nome, o nome mais preparado, justamente para enfrentar isso que você disse… Porque, num regime presidencialista como o nosso, quem vai enfrentar… Se fosse o parlamentarismo, eu até diria, como você está falando, quem vai governar é o partido. Não, o regime presidencialista, eu não estou defendendo o regime presidencialista, eu estou factualmente chegando à conclusão de que sua premissa, você desculpe, discutir com você, vou terminar apanhando na sua coluna um bocado de tempo.
JH – Mas o senhor tem direito ao contraditório
GF – Mas a premissa sua ela precisa receber um reparo. Quem vai governar um estado num regime presidencialista, esse é o grande – vou levar a questão para o plano nacional – o grande questionamento que se faz na aliança PT/PMDB, é que o PT, nós temos 39 ministério, e o PT tem seguramente dois terços, porque há isso. Então, eu quero reconhecer a boa intenção de querer que os partidos todos, eles…
JH – Quando o senhor fala que FB é o candidato do PMDB, que ele é melhor…
GF – Não, de acordo com o que ele diz aqui no jornal. Ele diz que está pensando ainda.
JH – Mas disse também que não tem estatura para concorrer contra Wilma, se ela não aceitar ser candidata ao Senado, e disse que o PMDB deu esse tempo para Wilma pensar, decidir. Se até meados de março ela decidir, forma uma chapa com o PMDB e ele aceitar ser o candidato a governador com ela de Senado, se ela não decidir, aí o senhor renuncia ao Ministério da Previdência para ser candidato contra ela. E aí?
GF – Não, isso aí. Eu não li a entrevista toda, não. Mas ele não tem procuração minha para decidir isso não.
JH – Disse inclusive que o candidato deveria ser Henrique, que está no melhor momento…
GF – Acho que muita gente do PMDB pensa como ele. Aqui não vamos pensar que é só Fernando Bezerra que pensa assim. Ele pensa uma coisa que muita gente do PMDB pensa. Agora, é preciso que vocês chamem Henrique aqui e perguntem a ele.
JH – Na parte que cabe o senhor, nessa situação, o senhor descarta uma candidatura a governador, se Wilma for candidata ou não, em qualquer situação, o senhor descarta ser candidato?
GF – Eu não penso em ser candidato. E não vamos também avançar. Não podemos queimar etapas. Eu reconheço que os jornalistas, e eu já tentei ser jornalista, terminei jornalista amador, querem, de qualquer maneira, queimar etapas no processo, e é bíblico, o que se diz é que tudo tem seu tempo.
JH – O senhor sente algum tipo de rejeição ao nome de Fernando Bezerra nas bases?
GF – O que sinto, e até ele reconhece, é que nós temos que constatar que Fernando Bezerra está ausente da política do RN desde 2006. E ele realmente recolheu-se mesmo à atividade empresarial. Então, há uma geração nova, emergindo, que não conhece Fernando Bezerra bem. Mas há outra que pode dar um depoimento a respeito do que ele fez como senador simplesmente, mas também como líder do governo de Lula no Senado, como ministro da Integração Nacional. E também poderíamos dizer há quem diga que a Confederação Nacional da Indústria vale por um ministério. Como presidente da CNI.
JH – E como ministro ele deixou uma marca muito forte em relação aos prefeitos do RN. Mas FB já foi candidato a governador e o senhor votou contra ele. Wilma foi candidata ao Senado, disputou com o senhor agora em 2010, o senhor votou contra ela. O senhor não se sente desconfortável de apoiar uma chapa como essa? Como é que o senhor vai chegar para o eleitor?
GF – Não, eu não me sinto desconfortável, não. Primeiro, porque não apoiei nenhuma chapa. A chapa ainda está em formação. Se essa chapa vier a ser consolidada, é uma chapa escolhida não apenas por um partido, mas por uma coligação. E eu estarei ali ajudando os nomes que forem escolhidos. Eu levo uma vantagem e, acredito eu, na política do RN acabou. Não tenho ressentimento, mágoas. A política já foi muito mais radical, um poço de mágoas. Eu não tenho… Eu apenas vou, sobretudo, me dedicar a pregar isso que estou dizendo aqui, se ele aceitar: que o nome de Fernando Bezerra está à altura desse desafio que o estado precisa enfrentar.
JH – O senhor se arrepende de ter votado em Rosalba?
GF – Não, não me arrependo, não. Porque quando eu votei em Rosalba, eu não tinha uma bola de cristal para saber o que iria acontecer. Quando eu vi que o partido não poderia continuar a apoiá-la, eu insisti no sentido de que o partido não poderia lhe dar aquele apoio.
JH – Qual seria a chapa dos sonhos para o governo e o Senado?
GF – Com toda sinceridade, acho que o melhor quadro hoje para exercer o governo do Estado, ninguém vai nomeá-lo, ninguém pense que vai ser fácil, vai haver uma campanha, a campanha não vai ser fácil, é Fernando Bezerra.
JH – Qual a causa do RN passar por tantas dificuldades, o estado está quebrado, segurança pública desmantelada, saúde sem funcionar, estado atrasando salário. Quem é culpado por isso?
GF – Acho que se nós formos procurar culpados, nós vamos realmente perder muito tempo.
JH – Mas não é importante descobrir os culpados?
GF – Olhe, se você quiser colocar alguém sub judice, você recorre ao MP, e não recorre a mim.
JH – A ex-governadora Wilma disse que nas conversas com o PMDB, o senhor e Henrique não falaram no nome de FB para o governo. Falaram ou não?
GF – Olhe, em todas as conversas, não apenas com ela, com o PT, com os partidos que foram mais ouvidos por Henrique, é verdade, mas nas conversas que participei, inclusive com o PSB, de Wilma de Faria, o nome de Fernando Bezerra foi sempre colocado como um nome que nós estamos lutando para que ele possa ser o candidato do partido, levando o nome dele a essa coligação a ser formada.
JH – Nas conversas que o PMDB tem com Agripino, o que ele diz em relação ao DEM, que fica com o PMDB?
GF – Ele diz que o partido não é Agripino, é a bancada de deputados na Assembleia e na Câmara dos Deputados, um conjunto de lideranças e de forças. Como é partido aqui, ele vai ouvi-los e acredita que não será fácil a situação da governadora, da maneira como as coisas estão acontecendo no RN.
JH – Ele acha que Rosalba é inviável eleitoralmente?
GF – Se caminhar assim, ele está preocupado… É a tal história, do mesmo jeito que mandou me convidar, convide Zé Agripino para ele falar.
JH – Há alguma possibilidade de mudança do PMDB nessa questão da candidatura, por exemplo, Henrique ou Walter Alves?
GF – Se FB chegasse a não aceitar o convite, que a comissão executiva já nos autorizou a convidá-lo, mas isso vai ter uma reunião de diretório, e própria convenção que ainda vai demorar, se isso chegar a um ponto culminante que não venha a trazer o nome de FB como candidato, nós vamos ter que examinar outra solução. Nós temos é que ter presente que há uma expectativa muito grande no estado com relação ao PMDB estadual e com relação ao plano nacional com relação ao PMDB nacional de que o candidato que nós tenhamos aqui no RN seja o candidato do PMDB.
JH – Falando no plano nacional, não acha que fica complicado para o PMDB explicar que vai excluir o PT da aliança para colocar alguém do PSB, que tem uma candidatura a presidente da República adversária?
GF – Se isso acontecer terá que ser explicado. Como em outros estados, essa ortodoxia, se isso prevalecer, que se venha a quebrar isso, em outros estados pode acontecer, porque essa verticalização é difícil de acontecer hoje.
JH – Em sua opinião, aqui no Estado, a coligação que está se formando, a entrada desse grupo do PT, é inviável?
GF – Eu acho que o PT está acompanhando a situação. Já hoje no JH, há uma matéria dizendo que o PT estaria hoje mais inclinado a compor com o PSD.
JH – O projeto do PT é Fátima para o Senado e a chapa exclui esse projeto.
GF – Eu acho que Fátima tem todas as razões de estar querendo fazer prevalecer a candidatura dela. Ela tem inclusive nas pesquisas, pesquisas essas que no RN elas não estão acontecendo, a última foi em dezembro. Queria dizer que Fátima Bezerra é uma candidata que realmente que o PMDB poderia e pode apoiar ainda.
JH – E Wilma?
GF – Nós estamos ainda num processo de discussão.
JH – Vocês já convidaram oficialmente Wilma para ser candidata?
GF – Oficialmente, não. Até porque ela não nos deu essa prerrogativa de convidá-la. Na conversa dela ela diz que vai ouvir o partido, que ainda tem essa chance de ser candidata ao governo, então ninguém vai atropelar o processo.
JH – Mas, a preferência do PMDB é Wilma para o Senado?
GF – O próprio Fernando Bezerra colocou isso muito claramente. Mas FB hoje ele coloca que a chapa ideal para ele seria a chapa com a ex-governadora Wilma de Faria. Então, nós temos que procurar facilitar os caminhos de FB já que nós queremos a candidatura dele. E isso chega a essa afirmação dele.
JH – Que Henrique diz sobre candidatura ao governo?
GF – Diz que nesse momento não se cogita de candidatura dele. Acho uma afronta ao nome de FB, dizer que é faz de conta, laranja.
JH – Fracassando essa tentativa de uma aliança tão ampla, Waltinho estaria aberto a ser candidato numa chapa de Robinson?
GF – Não aceita outra coisa no momento a não ser deputado estadual.
JH – O quadro está muito confuso?
GF – Eu admito que o quadro está nebuloso, porque n o é fácil esse processo de consolidação da candidatura de FB, quando ele próprio ainda não se dispõe a conquistar os apoios. Aí fica difícil, mas ele tem discurso, eu continuo insistindo nisso. Ele tem discurso, tem uma história, o RN está passando por um momento difícil.
JH – Notei o senhor meio abatido, o senhor visitou o hospital, esteve com sua mãe, como ela está?
GF – Você está me achando abatido? Não é por conta de mamãe, não, porque ela está melhorando, graças a Deus. Você pode está me achando abatido é porque todas as vezes que eu venho dar uma entrevista como essa eu venho nesse estado de espírito (risos). Depois eu até melhoro, agora mesmo eu estou melhor, porque está terminando.

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