segunda-feira, 27 de maio de 2013

MPF apura denúncias em 14 cidades

Ricardo Araújo - repórter

O sonho de conquistar uma casa própria é comum a quase todos os brasileiros. Muitos deles tornaram a utopia em realidade com o advento do Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado pela União em abril de 2009. Quatro anos depois, porém, com mais de um milhão de moradias entregues em quase mil municípios brasileiros, os primeiros indícios de irregularidades começam a surgir neste que é um dos programas sociais que mais movimenta recursos públicos e privados atualmente em todo o país.
Júnior SantosAté o fim de abril deste ano, a CEF analisava 74 empreendimentos em construção. Desde que foi criada, em março deste ano, a Central Telefônica da Caixa para o Programa já recebeu 7.907 reclamações
Até o fim de abril deste ano, a CEF analisava 74 empreendimentos em construção. 
Desde que foi criada, em março deste ano, a Central Telefônica da Caixa para o 
Programa já recebeu 7.907 reclamações

No Rio Grande do Norte, 20 procedimentos investigatórios tramitam no Ministério Público Federal (MPF/RN), que apura desde a irregularidade na construção dos imóveis às denúncias de favorecimento político no cadastro dos beneficiados.

 As irregularidades analisadas pelo MPF/RN incluem, ainda, relatos de más condições de imóveis entregues pelo Programa Minha Casa, Minha Vida em Mossoró, além da ineficiência da Caixa Econômica Federal (CEF), financiadora do Programa, em resolver o problema em tempo hábil.

Até agora, quatorze cidades tem empreendimentos investigados pelo Minsitério Público Federal no Estado, são elas: Pedra Preta, Lagoa de Pedras, Parnamirim, Mossoró, Upanema, Rafael Fernandes, Marcelino Vieira, São Rafael, Santana do Matos, Angicos, Extremoz, Caicó, Currais Novos e Arês.

 Além dos processos que tramitam na MPF/RN, cujo primeiro tramita desde 2010, a assessoria de imprensa da Controladoria Geral da União (CGU), confirma que estão em desenvolvimento dois  trabalhos sobre o Programa  envolvendo cidades potiguares. Um deles discorre sobre uma ‘Avaliação da Execução de Programa de Governo’ e outro é uma ‘Auditoria Especial’. Entretanto, conforme exposto pela assessoria do órgão, “ambos procedimentos ainda estão em andamento e, portanto, não podem ser divulgados. Não é possível apontar falhas e suas decorrentes responsabilizações”.
DivulgaçãoProcurador Kleber Araújo explica investigações em curso no MPF 
Procurador Kleber Araújo explica investigações em curso no MPF

Com as mesmas ressalvas, o procurador da República que coordena o Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal no RN, Kleber Martins de Araújo, confirma as investigações. “Estamos atentos e atuantes para evitar o desperdício e a má aplicação da verba pública federal. Vale destacar, entretanto, que alguns dos procedimentos estão em fase inicial e ainda carecem de investigações, não havendo elementos suficientes para afirmar que há irregularidades em todos os casos investigados. Temos um longo trabalho pela frente”, afirmou o procurador do MPF Kleber Araújo.


Nenhum dos órgãos informou quantas unidades habitacionais estão sob análise, tampouco o volume de recursos nelas empregado.  A TRIBUNA DO NORTE procurou o superintendente da Caixa Ecônica Federal no RN, Roberto Linhares  para comentar as investigações do Ministério Público Federal, mas não obteve retorno nas ligações feitas.
Fonte da Tribuna do Norte

Morreu Roberto Civita, o criador de VEJA

Do interino- Reprodução site Revista Veja
Ele dedicou 55 de seus 76 anos à paixão de editar revistas, nunca se afastou do compromisso com o leitor e com o Brasil e fez da Abril um dos maiores grupos de comunicação da América Latina
Roberto Civita, diretor editorial e presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, morreu neste domingo, às 21h41, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, devido à falência de múltiplos órgãos, depois de três meses internado para a correção de um aneurisma abdominal. Civita deixa a mulher Maria Antonia, os filhos do primeiro casamento Giancarlo, Roberta e Victor, além de seis netos e enteados. O velório acontece nesta segunda-feira, 27 de maio, a partir das 11h, no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, São Paulo.
Roberto Civita
Memória - “Gosto de ser editor e o que eu sei fazer é revista”, dizia Roberto Civita. Mesmo depois de 1990, quando a morte de Victor Civita o levou a assumir o comando da Abril e chefiar o processo de diversificação do grupo fundado pelo pai, ele nunca se afastou da atividade que o seduziu definitivamente na década de 60, quando começou a por em prática os conhecimentos assimilados anos antes, na sua segunda temporada nos Estados Unidos. Nascido em Milão, Roberto Civita morou em Nova York de 1939 a 1949, quando veio para São Paulo. O bom desempenho no Colégio Graded garantiu-lhe uma bolsa de estudos nos EUA, onde percorreu, ao longo da década de 50, caminhos que o levariam à descoberta da vocação profissional e à volta definitiva ao Brasil.
Depois de interromper o curso de Física Nuclear na Universidade Rice, no Texas, para diplomar-se em jornalismo e economia na Universidade da Pensilvânia, Roberto Civita conseguiu um estágio na editora Time Inc, que controlava as revistas Time, Life e Sports Illustrated. Durante um ano e meio, familiarizou-se com todos os setores da empresa, da redação à contabilidade. Em 1958, quando Victor Civita perguntou ao filho que acabara de voltar o que pretendia fazer, ouviu a resposta que apressaria a entrada da Abril no universo jornalístico: “Quero fazer uma revista de informação semanal, como a Time, uma revista de negócios como a Fortune e uma revista como a Playboy”, respondeu.
Pioneirismo - O pai prometeu preparar a empresa para o passo audacioso, consumado em 11 de setembro de 1968, quando chegou às bancas a primeira edição de VEJA. Roberto Civita participou intensamente das experiências pioneiras que resultaram no lançamento deRealidadeExameQuatro Rodas ou Playboy. Mas nada o deixava mais emocionado que recordar a trajetória descrita pela primeira revista semanal de informação do Brasil. Foi ele quem a criou. E foi ele o primeiro e único editor de VEJA, hoje a maior publicação do gênero fora dos Estados Unidos.
“Ninguém é mais importante que o leitor, e ele merece saber o que está acontecendo”, lembrava aos recém-chegados. “VEJA existe para contar a verdade. A fórmula é muito simples. Difícil é aplicá-la o tempo todo”. Sobretudo em ambientes hostis à liberdade de expressão, aprendeu Roberto Civita três meses depois do parto da revista. Em 13 de dezembro de 1968, a decretação do Ato Institucional n° 5 transformou o que era um governo autoritário numa ditadura militar sem disfarces. A capa da edição que noticiou o endurecimento do regime exibiu uma foto do general-presidente Arthur da Costa e Silva sentado, sozinho, no plenário do Congresso que o AI-5 havia fechado. Os chefes militares não gostaram da imagem, e ordenaram a apreensão de todos os exemplares. A essa violência seguiu-se a instauração da censura prévia, que só em meados da década seguinte deixaria de tolher os passos de VEJA.
Risonho, cordial, otimista, Roberto Civita sempre acreditou que nenhuma atividade vale a pena se não for praticada com prazer. “Você está se divertindo?”, perguntava insistentemente aos profissionais com quem convivia. Mantinha-se otimista mesmo quando contemplava a face sombria do país. Para ele, o Brasil só conseguiria atacar com eficácia seus muitos problemas se antes aperfeiçoasse o sistema educacional, modernizasse o capitalismo nativo, removesse os entraves à livre iniciativa e consolidasse o estado democrático de direito. “O que VEJA defende, em essência, é o cumprimento da Constituição e das leis”, repetia. Também essa fórmula parece simples. Difícil é colocá-la em prática. Foi o que o editor de VEJA sempre soube fazer.