segunda-feira, 23 de novembro de 2015

‘PMDB precisa ter candidato próprio a presidente’

Fonte da Tribuna do Norte
Entrevista - Garibaldi Alves Filho
O senador Garibaldi Filho afirma que, nas eleições de 2018, o PMDB do Rio Grande do Norte vai precisar de lucidez . “Alguém vai ter que chegar com uma certa lucidez e dizer: ‘Talvez não tenha lugar para tantos’. Eu já disse isso. Talvez não tenha”, destaca o senador. Para 2016, ele não dúvida, o PMDB deverá apoiar a reeleição do prefeito Carlos Eduardo. O senador também é categórico na defesa de candidatura própria do partido para a próxima sucessão presidencial.
Júnior SantosGaribaldi Filho defende candidatura do PMDB à presidência e alerta para problemas da previdência 
Garibaldi Filho defende candidatura do PMDB à presidência e alerta para problemas da previdência

Garibaldi Filho demonstra preocupação com a situação da seguridade social. Ex-ministro da Previdência, ele afirma que é necessário adotar a idade mínima para as aposentadorias.
O senador evita fazer um discurso radical na avaliação sobre o desempenho do governador Robinson Faria. Afirma que nunca adotou, e não seria agora que faria, o “Quanto pior melhor”. Mas  considera que deveriam ter sido executadas medidas, no início do atual governo, para equilibrar as finanças. 
 
O senhor defendeu mudanças na Previdência?
Não apenas na tribuna do Senado, nas nos encontros com os parlamentares, temos falado desta preocupação com a previdência. No Brasil e em muito países, a previdência social se organiza no sistema de repartição simples. Isso significa que não há formação de reserva para pagamento de benefício, mas uma tipo de pacto entre gerações. Quem está em idade ativa, paga os benefício dos que já não trabalham. O equilíbrio atuarial deste pacto depende do perfil demográfico da população. Por isso, preocupa se ocorre o envelhecimento populacional. Há um aumento da proporção dos que trabalham para pagar os benefícios dos que não trabalham.  Um aumento assustador desta proporção.

Como está o deficit hoje da previdência?
Atualmente a despesa com a previdência social compõe quase metade de todos os gastos do governo.  Está um pouco mais de 40%. Se considerarmos que os outros 20% estão comprometidos com as despesas de pessoal, e que 11% são destinados a benefícios assistenciais e trabalhistas, restam apenas 7% para a saúde, 3% para a educação e 12% para outras funções do governo, como defesa turismo, agricultura, ciência e tecnologia. Então, creio que se não forem tomadas providências — e não cabe só ao governo, mas também ao Congresso —  só haverá dinheiro para pagar a previdência. Isso em um horizonte que não é muito distante. O déficit da previdência geral, no ano passado, já foi de R$ 56 bilhões. Neste ano, será de R$ 88 bilhões. Em 2016, está previsto um déficit de R$ 125 bilhões.

Isso com o fim do fator previdenciário?
Sim. Mas há uma estudo do Tribunal de Contas da União, que não levou em conta as implicações deste mudança, que já mostrava que, em 2050, a despesa da previdência deverá chegar a R$ 3 trilhões. Para cobrir essa despeça a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento deveria subir de  32% para 86%. Então, ou se faz uma reforma ou vamos ter dias muito difíceis. Ninguém é contra os benefícios da previdência social. Não há quem se insurja contra. Agora é preciso pagar os benefícios. E sabemos que em alguns países, que se não fizeram as reformas quando deveriam, tiveram que cortar benefícios.

Não houve uma fórmula de transição entre o favor previdenciário e o novo cálculo para as aposentadorias. Qual seria, a solução?
Para resolver o problema do futuro é a idade mínima. O fator previdenciário nasceu, porque o país não tem uma idade mínima para aposentadoria. Em qualquer país, a média de idade para se aposentar é 65 anos. No Brasil há aposentadorias com 54 anos. No serviço público, então, o céu é o limite, porque não havia teto antes da reforma, que foi feita no primeiro governo de Dilma, quando eu era ministro.

Mas há viabilidade política para definir um limite de idade?
Veja, 78% das propostas legislativas relacionadas com a previdência social apresentadas nos últimos anos tinham potencial de acentuar ainda mais o déficit. Então, você vê que não há uma consciência ainda. Houve agora aquela proposta de reajuste para quem recebe além do salário mínimo com a mesma política do nos benefícios que são equivalentes ao mínimo. Foi barrado. Seria até justo, para um aposentado que recebe pouco mais do que o mínimo, mas não há condições. A presidente teve que vetar e a Câmara confirmou e nem chegou ao Senado.

A manutenção de alguns vetos pelo Congresso Nacional significa que o ambiente para o governo federal melhorou?
Melhorou. Houve um desafogo, mas o governo não pode confiar muito. No caso do aumento dos servidores do Judiciário é um caso  muito específico. Havia uma acirramento muito grande e faltaram apenas seis votos para derrubar o veto. Nas outras votações, as diferenças foram maiores. Mas o governo não tem uma base estável e os próprios líderes e os ministros reconhecem.  Não há um momento de estabilidade, principalmente na Câmara.

Houve até um momento em que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, parecia que iria acatar o pedido de abertura do impeachment. Agora isso arrefeceu e a discussão do assunto ficou para o próximo ano. Ainda pode prosperar o movimento para destituição da presidente?
Não vejo como ter um impeachment sem configurar um crime de responsabilidade. Há, na Câmara, dez pedidos de impeachment que não foram apreciados. Alguns dizem que isso precisa ser pautado para uma decisão se prevalece ou não o impeachment e, assim, liberar de vez o país desse  impasse político.

Além do RN, outros 17 estados aumentam impostos.

Da Folha:
Estados aprovam pacote de impostos para driblar crise
FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
Cosméticos, carros de luxo, bebidas alcoólicas e herança. Pressionados pela crise econômica, a maioria dos governadores do país vem promovendo pacotes de aumentos de impostos sobre itens como os descritos acima para 2016.
Projeções dos governos apontam que os contribuintes devem pagar no próximo ano nos Estados ao menos R$ 8,58 bilhões a mais devido a aumentos dispersos.
A quantia, para se ter um exemplo, equivale a um terço do que o governo Dilma Rousseff espera arrecadar com a recriação da CPMF, proposta que vem provocando contrariedade no Congresso e no meio empresarial.
O aumento de impostos, aliado ao corte nos gastos públicos, é um dos principais pilares do ajuste fiscal que o governo federal vem tentando promover para pôr fim à crise.
A arrecadação de tributos dos Estados e do Distrito Federal neste ano deve superar os R$ 400 bilhões. Mas os governadores se queixam de dificuldade para manter em dia o pagamento do funcionalismo e de fornecedores.
Para aliviar as contas projetadas para 2016, eles se voltaram a itens classificados de “supérfluos”, e que acabaram sendo alvo de aumento de alíquotas. Celulares, joias, energéticos e produtos de lazer entraram no pacote. Em Sergipe, os aumentos incidiram até sobre artigos de sex shop e pranchas de surfe.
Em São Paulo, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) elevou as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da cerveja e do fumo. A arrecadação extra é estimada em R$ 1,38 bilhão –parte deste valor vai para os municípios. O governo sustenta que a alteração compensa a redução de imposto de itens da cesta básica.
As bebidas alcoólicas viraram alvo de outros nove governadores. Eles argumentam que onerar este tipo de mercadoria gera menos impacto na cadeia produtiva e não penaliza os mais pobres.
Uma outra frente de alterações foi o imposto sobre heranças e doações que é cobrado pelos governos estaduais. Em ao menos oito Estados e no Distrito Federal, o modelo de cobrança foi revisto, o que incluiu a criação de alíquotas mais altas para patrimônios mais elevados.
O IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), outra fonte de receitas expressiva dos governadores, também foi incluído no pacote de aumentos progressivos em algumas partes do Brasil. Em Pernambuco, por exemplo, veículos com maior potência pagarão 4% de IPVA. Antes, a cobrança se resumia a 2,5%.
A mudança de maior volume em relação ao IPVA será a do Rio, onde o governo estima arrecadar R$ 550 milhões extras em 2016 com reajustes das alíquotas de carros flex e movidos a gás natural.
Outros nove Estados reajustaram ainda a alíquota básica do ICMS.
TARIFAÇO CONTRA A CRISE
Quanto o governo projeta arrecadar a mais com as alterações nos impostos (em milhões de reais)
  

Paraíba e Ceará não informaram
RESISTÊNCIA
O tarifaço não foi aprovado sem enfrentar antes alguma resistência. No Rio Grande do Sul, Estado mais endividado do país, entidades empresariais fizeram campanha contra o reajuste do ICMS proposto pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), que acabou sendo aprovado por apenas um voto.
Em São Paulo, Alckmin teve que diminuir o alcance de seu projeto sobre o ICMS para conseguir aprová-lo.
A CervBrasil, entidade da indústria da cerveja, diz que, sob o argumento de cobrar mais impostos por mercadorias não essenciais, os governos estão tomando medidas recessivas que podem contribuir para o desemprego.
O presidente da Associação Brasileira da Televisão por Assinatura, Oscar Simões, também critica os aumentos. Em outubro, o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) autorizou 15 Estados e o DF a alterar a alíquota do ICMS sobre o serviço de TV paga de 10% para 15%. “Cria um ambiente de negócios onde a regra do jogo vai sendo mudada, o que é ruim”, diz.
O economista Mansueto Almeida, que foi coordenador de política monetária do Ministério da Fazenda no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), critica a mudança constante de regras e a desconexão entre as medidas defendidas pelos governadores e as políticas que vem sendo adotadas pelo governo federal.
“Os governadores estão sobrevivendo. Os ajustes fiscais feitos são ruins, não resolvem o problema e empurram a situação com a barriga”, afirma.
Entre os governos que dizem que não irão subir impostos em 2016 está o do Paraná. O governador Beto Richa (PSDB) aprovou um pacote de aumentos ainda em 2014.
AUMENTO COMBINADO
Os governos discutiram em grupo alternativas para enfrentar a crise fiscal e chegaram a conclusões sobre a necessidade de ampliar a taxação de mercadorias consideradas supérfluas e sobre doações e heranças, segundo secretários estaduais da Fazenda ouvidos pela Folha.
O secretário do Distrito Federal, Pedro Meneguetti, diz que o assunto vem sendo tratado de maneira espontânea também em reuniões do Confaz, conselho subordinado ao Ministério da Fazenda que reúne os secretários estaduais dessas pastas.
“Os Estados estudaram outros Estados e tentaram fazer um nivelamento [de alíquotas]“, disse.
O governo do Distrito Federal discutiu o assunto principalmente com Estados vizinhos. No Nordeste, a situação se repetiu.
O secretário de Alagoas, George Santoro, diz que a maioria “seguiu a mesma lógica”. A ideia, diz, era fazer mudanças que afetassem pouca gente, principalmente a classe mais alta.
“Ninguém aumenta tributo porque quer. A gente está aumentando porque seria muito pior para a economia não pagar funcionários [públicos] ou fornecedores. O impacto na economia seria avassalador”, afirma.
Em outras partes do Brasil, governos adotaram discurso parecido. Antes de aprovar o pacote, o governador gaúcho José Ivo Sartori (PMDB) argumentou à Assembleia que o Estado estava na “UTI” e que havia esgotado todas as outras fontes de recursos, como o uso de depósitos judiciais e de novos empréstimos.